
D. FREI GIANFRANCO LUIGGI RAVASSI MÉDICI, OFM
Por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica,
Episcopus Diocesis Tabosensis
1º BISPO DA DIOCESE DO TABOSA
Monsenhor Tabosa, 28 de setembro de 2020.
"Todo começo implica em um final. Ciclos se fecham para que outros se iniciem. Dói, não é fácil! Sair do conhecido em busca do desconhecido requer coragem, desapego e muita fé. Permanecer pode ser confortável. Tudo tem sua hora! Porém, quando a dor de ficar se torna maior que a dor de partir é hora de alçar novos voos." (Carolina Cavalcanti)
Aos Sacerdotes, Diáconos, Religiosos e Religiosas, Seminaristas,
A todos os meus irmãos franciscanos,
amado povo de Deus.
Aos 12 dias do mês de junho, no ano de 2017, após longos 14 dias de preparação de minha alma, recebi pela Imposição das mãos e Oração Consecratória da Igreja, o múnus de pastorear a todo o povo de Deus que, a partir do mandato apostólico, iria me responsabilizar de orientar segundo a fé da Igreja e seus dogmas. Aquele dia, lembro que o ofício mais complicado de se resolver era qual lema eu teria para me guiar nessa nova missão a qual Deus e a Igreja me incumbia de realizar. Pensei muito, e no florear de meus estudos bíblicos, espelhei-me na tão grande alegria de ver Jesus Cristo que, sem medo e sem travas, vivia e ensinava a todos a graça de sermos alegres quando cumprimos o desejo e a vontade do Pai.
Penetrado em meu coração este desejo de servir com alegria os desígnios ao qual recebia agora em minha vida e sabendo que não poderia desapontar a Deus qual me depositou toda a confiança e preencheu-me com os dons necessários para que realiza-se de forma prudente e digna, assumi com tão grande confiança no Senhor e desde então senti a mão que supre e acalenta de Deus a me guiar, assim como a apontar os caminhos a qual perseguir. O que me deixou ainda mais maravilhado com essa graça da experiência em deixar-se ser conduzido mediante o cumprimento da vontade de Deus, é que em todas as necessidades, o Pai esteve presente através de irmãos que me ajudaram a sustentar esse despojamento de amor.
Com o coração aberto à luz da Palavra de Deus como um filho diante de seu pai, partilhei alegrias e sofrimentos da minha caminhada sacerdotal que ajudaram a emoldurar-me na pessoa que sou hoje, como também a alcançar o grau de maturidade a qual cheguei. Ao longo de todo este tempo, perpassando por desertos e momentos de grande crise vocacional, Deus me fez amadurecer e começar a trilhar um profundo caminho de discernimento e busca novamente pelo seu amor misericordioso.
Considerando todo esse contexto histórico de vida ministerial, com o coração paterno de um bispo fui acolhido, respeitado entendido e amado. Procurei basear-me sempre mais no que diz a tão famosa oração que por sua vez foi atribuída ao grande santo da Igreja, Francisco de Assis, que soube viver o despojamento e a confiança em Deus, em que, ao rezar esta oração, deparamo-nos com um inventário de graças que por outrora foram ensinadas por Cristo em sua peregrinação terrena, que ao emoldurarmos nossa vidas baseadas nestes ensinamentos, tornamo-nos autênticos cristãos e servos dignos.
Tal meditação fez com que confirmasse em mim que, ao enfraquecer em mim tal vigor para exercer o ofício outrora confiado, é preciso parar um pouco e refletir num ofício menos rigoroso sem precisar ser forçado à necessidade de sentar à beira do caminho para contemplar o tempo que passa, pois o tempo é sagrado. Neste novo tempo, quero dedicar-me inteiramente à maior intimidade com o Senhor e profundo conhecimento de sua infinita bondade.
Raciocinando tal contexto remotamente já explicito da talentosa escritora Carolina Cavalcanti, por mais que o desejo de ficar e continuar exercendo tão grande ofício a qual conquistamos este presente juntamente com o povo de Deus seja grande, me entristece não poder fazer tanto pela tão amada e acolhedora Diocese que apesar de tão nova carrega uma história encantadora e tão impactante na vida eclesial habbiana. E com as minhas orações, tenho a certeza de que há de vir um pastor a qual fará jus a tão grande patrimônio com mais empenho e dignidade a qual esta região merece.
Todos os projetos que planejei e executei, coloco sob o olhar de Deus e sob a maternidade da Virgem Maria, a grande Auxiliadora e patrona da nossa Diocese, para que continuem em progressividade e ressoem para um melhor meio evangelizador nesta grei pastoral.
Para preservar todo o respeito, amor e carinho outrora recebido de inúmeras pessoas e clérigos que por essa história de vida passaram, e assim também para evitar que o meu desgaste emocional e psicológico venha atrapalhar ou retardar todo o andamento evangelizador da Santa Igreja e o crescimento no anúncio do Reino de Deus nesta Diocese, apresentei ao Papa o meu pedido de renúncia por amor à Igreja, no qual foi acolhido e apresentado publicamente nos últimos dias.
Confesso que não foi uma decisão fácil e de ligeira compreensão, porém seguindo que é preciso ser verdadeiro com Deus, com seu povo e comigo, assumo tamanha responsabilidade e decisão de forma tranquila, sincera e serena.
Aproveito para agradecer, de modo especial, aos padres diocesanos e a todos os padres em geral por tamanho carinho, afeto, respeito e admiração prestados a mim. Aos irmãos bispos, serei eternamente grato aos senhores que muitas vezes ajudaram este irmão a carregar o peso da cruz, assim também peço perdão pelas minhas faltas.
Aos que de certo modo não consegui fazer representar a imagem do Cristo Bom Pastor através do meu ofício ou da minha missão episcopal, assim como também àqueles que por minha falta de empenho não consegui acolher e orientar bem, peço perdão de todo o meu coração. Perdoem a mim e minhas limitações e jamais esqueçam de rezar por mim.
A todos os meus diletos amigos presente em todo o território da Santa Igreja, uma Santa Missa há de ser marcada para ficar em nossos corações todos os momentos que passamos! Lembro-me da reflexão que fiz em junho, na Basílica de São Pedro, onde celebrei o renovo de minhas promessas episcopais, em que no término da reflexão dizia: “Um dia, quando terminar nossa caminhada por aqui, poderemos olhar para nosso testemunho e dizer: ‘eu tentei cumprir o propósito do Pai que me chamou aqui.’”
Acompanhe-nos sempre o olhar materno da Virgem Maria, invocada nessas terras como a Auxiliadora dos Cristãos juntamente com o Bem-aventurado Monsenhor Tabosa, presbítero local. Ela como Mãe atenta e solícita, esteja a velar por todos nós e nos ensine a fazer tudo o que Jesus disser.
